Existem evidências históricas dignas de crédito que sugerem que as sociedades que permitem a suas crianças e seus jovens alguns anos de tolerância e mesmo rebelião moderada terminam com jovens mais saudáveis do que as sociedades que fazem de conta que tais impulsos não existem. O casamento é um critério que define a condição adulta, mas seus antecedentes vêm da infância. "O precursor do casamento é o namoro, e o precursor do namoro é o brincar". Quanto menos tempo as crianças passam brincando livremente, menor será sua competência social quando adultos. É brincando que aprendemos a dar e a tomar, que forma o ritmo fundamental de todos os relacionamentos.
O mundo estressante da concorrência implacável que os pais enxergam no futuro de seus filhos talvez nem sequer exista. Ou, então, ele existe, mas mais nas cabeças deles do que na realidade -não exatamente como uma ficção, mas como um espelho que distorce a realidade. Os pais enxergam o mundo como um lugar terrivelmente competitivo. Muitos deles projetam isso sobre seus filhos, quando são eles que vivem ou trabalham num ambiente competitivo. Então eles imaginam que seus filhos também devem estar nadando num mar repleto de tubarões. Ao comprarem condições melhores para seus filhos, de modo a mitigar sua própria ansiedade, os pais eternizam a fragilidade dos filhos. As crianças, entretanto, não são as únicas prejudicadas pela preocupação excessiva. A vigilância é enormemente cansativa -e tira toda a diversão da tarefa de ser pai ou mãe.
A condição de ser pai ou mãe se tornou menos gostosa do que era no passado, e isso de algumas maneiras mensuráveis. Vejo os pais de hoje menos dispostos a tolerar o tempo de seus filhos. Então ou eles os alimentam à força ou fazem coisas por eles (coisas que os filhos deveriam fazer). Os pais precisam abrir mão da idéia da perfeição, abrir mão de um pouco do controle invasivo que passaram a manter sobre seus filhos. A meta do trabalho dos pais é criar um ser humano autônomo. Cedo ou tarde, a maioria dos jovens será forçada a confrontar sua própria mediocridade. Os pais podem achar mais fácil abrir mão de um pouco do controle se eles reconhecerem que exageraram muitos dos perigos da infância - embora tenham constantemente ignorado outros, ou seja, a eliminação do recreio nas escolas e a onipresença dos videogames que incentivam a agressividade...
21.5.05
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2 comentários:
NA BOA , MAS ACHO UMA FALTA O SALADA NÃO RESPONDER AOS COMENTARIOS DOS VISITANTES...
ASSIM NÃO ROLA UMA SEQUENCIA DE IDÉIAS E CONCLUSOES....
sorry dear!! amo vc!!
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